Hoje discutiremos alguns aspectos do Serialismo, tendência que despontou nos anos 1920 com a Escola de Viena, mas que ganhou força no final dos anos 1940 até os anos 1950, com a geração dos alunos de Messiaen (especialmente Boulez e Stockhausen).
O chamado Serialismo Integral canonizou a obra de Anton Webern e tornou-se uma força estética de caráter predominante, sobretudo pela forte militância de seus participantes, agregados em torno dos cursos de férias ministrados em Darmstadt.
Um dos alvos óbvios dos serialistas era a música neoclássica. Considerados reacionários pelos serialistas, os neoclássicos seriam músicos "inúteis" por ignorar a força renovadora do pensamento serial, segundo Boulez. O desprezo era recíproco: os neoclássicos grosso modo viam o serialismo como uma solução pouco musical. Aspectos político-ideológicos toldaram essa discussão, tornando difícil associar com clareza os pólos serialismo e neoclassicismo com os pensamentos de esquerda e direita.
Quando Stravinsky adotou o serialismo, por volta de 1952, isso causou grande impacto entre muitos músicos de tendência neoclássica, que passaram a respeitar ou mesmo a adotar algumas técnicas seriais.
No entanto, experiências com operações de acaso, realizadas por John Cage, atraíram o interesse de Darmstadt. A passagem de Cage por lá minou as certezas dos serialistas. Ao final dos anos 1950 compositores como Ligeti e Berio apresentam textos e análises que apontam os problemas e limitações do pensamento serial.
No início da década de 1960 Boulez admite sua capitulação diante da ruína do serialismo integral. O livro A música hoje procura novas soluções para o problema da composição musical.
Textos:
BOULEZ, P. A música hoje [1963], cap. 1, "Considerações gerais", pp. 13-32.
_____ . Apontamentos de aprendiz. "Tendências da música recente" [1957], pp. 201-7; "Série" [1958], pp. 270-1; "Morreu Schoenberg" [1952], pp. 239-245.
BERIO, L. Poesia e Música: uma experiência [1959]. In: MENEZES, F. Música eletroacústica: história e estéticas. São Paulo: EDUSP, 1996, pp. 121-130.
Audição:
MESSIAEN, O. Mode de valeurs et d'Intensités, para piano [1949].