Relatório de Práticas de Ensino - Oitava Atividade – 29/09/2010
Diogo dos Santos
Atividade: Calor Específico
Descrição da atividade:
Cheguei à escola novamente antes do horário da aula e procurei a professora para poder entrar no laboratório e ir arrumando os utensílios necessários aos experimentos. Quando abri a caixa encontrei dois ebulidores quebrados, provavelmente por estarem sob os demais materiais que estavam no interior da caixa.
Enquanto dispunha os materiais nas bancadas, percebi que os mesmos não seriam suficientes, pois estavam em quantidades não condizentes com os alunos existentes nas salas: havia apenas quatro panelas e quatro termômetros. Então coloquei a água para esquentar para que não fosse perdido o tempo da aula esperando a água esquentar.
Por conta da quantidade de materiais, pedimos aos alunos que se dividissem em grupos maiores. Eles se distribuíram em cinco grupos, ou seja, tivemos que revezar os materiais. Mas como o experimento dependia que cada grupo tivesse uma panela com a água quente e de um termômetro, um dos grupos teve que esperar algum outro realizar o experimento, para depois esquentarmos a água novamente para o grupo restante efetuar a experiência. Durante o tempo de espera, os integrantes ficaram conversando entre si e observando o que os demais estavam fazendo.
O experimento foi muito tranqüilo, mas eles não compreenderam logo de imediato o que deveriam fazer. Inicialmente perguntei à professora se ela já havia explicado a teoria referente ao experimento. Como ela disse que sim, tentei apenas auxiliar os alunos nos procedimentos experimentais.
Os alunos que já possuíam os materiais tentaram inicialmente realizar o experimento, mas não conseguiram entender direito o que precisava ser feito e qual temperatura era para ser medida. Então a professora e eu passamos entre os grupos instruindo-os, de forma que líamos o roteiro junto com eles ao passo que faziam os procedimentos. Assim, eles mediram a temperatura da água à temperatura ambiente e a massa da peça de cobre e anotaram nos respectivos roteiros. Em seguida, levamos até eles as panelas com a água quente. Após medir a temperatura desta, surgiu um problema para eles: como medir a massa da água quente?
Ao invés de explicar a eles como fazer esta ação, tentei conversar com os grupos e fazê-los perceber como obter a medida desejada. Um aluno então teve a ideia de medir na balança a massa da panela e a água, jogar a água fora, medir a massa apenas da panela e depois fazer uma subtração das massas. Feito isto, os grupos começaram a trocar informações para obter esta mesma medida. Uma dificuldade que apareceu em mais de um grupo foi a obtenção de uma variação de temperatura negativa. Parecia que os alunos achavam estranho. Então perguntei a eles o que poderia significar uma variação negativa de temperatura neste experimento.
Quando os quatro grupos terminaram o experimento, recomecei o preparo da atividade para o grupo restante. Acompanhei-os do início ao fim com o objetivo de realizar a atividade mais rapidamente, já que não restava muito tempo para as atividades. Enquanto isto, os demais alunos se preocuparam com a realização dos cálculos necessários para obter o calor específico o cobre. Por conta das limitações, não realizamos o experimento para o alumínio.
Eles não conseguiram compreender para que serviriam os dados coletados e a professora explicou-lhes como deveriam realizar os cálculos. Mesmo após a explicação da professora eles tiveram dificuldades. Isto talvez mostra a deficiência existente na abordagem majoritariamente teórica da física, que deixa o experimento apenas como uma forma alternativa de se abordar a matéria. Infelizmente, este pouco tempo que temos de laboratório não nos permite trabalhar melhor com o assunto. Porém, é preciso ter cautela, pois não se pode também apenas dar um tratamento experimental à física: é necessário que várias abordagens sejam feitas, mas com a realidade existente nas escolas, isto talvez esteja longe de ser alcançado.
O primeiro grupo que realizou os cálculos obteve um valor bastante diferente do tabelado e isto fez com que os alunos pensassem que haviam feito o procedimento experimental errado. Então foi necessário discutir com a turma a implicações entre os resultados previstos teoricamente, os resultados obtidos com aparatos experimentais altamente sofisticados e com uma excelente engenharia e os resultados obtidos com experiências preparadas didaticamente e com materiais mais simples. Não sei se os alunos receberam muito bem a discussão, pois percebi que eles esperavam encontrar o valor exato que estava na tabela do roteiro. Um grupo chegou a comentar que o valor da tabela é que estava errado e que a mesma foi colocada para confundi-los e tornar a atividade mais complicada. Mas eu recebi o comentário como algum tipo de piada do grupo como se fosse uma forma de descontrair a aula.
Enquanto eu acompanhava o último grupo no experimento, uma aluna me disse que gostava das aulas de laboratório por não terem de fazer muitas coisas e mesmo os resultados não dando certos, elas recebiam as notas pela realização da atividade.
Num olhar mais geral, a atividade foi bem sucedida e foi possível introduzir aos alunos algumas limitações das experiências realizadas na escola, sendo possível também discutir sobre a natureza da ciência e suas implicações. Talvez teria sido melhor se tivesse material suficiente para todos os alunos.
Sobre os roteiros:
Como o experimento possui um aspecto mais quantitativo, que requer coleta de dados o devido tratamento, a análise dos roteiros foi mais simples que as atividades experimentais anteriores.
A etapa 2 da atividade que consistia em anotar os dados necessários foi efetuada pela maioria dos grupos, sendo que um não anotou a massa da água (item d) e outro não anotou a temperatura da água após inserir o cobre no recipiente (a temperatura no equilíbrio térmico). Porém, nas tabelas, todos os espaços foram preenchidos, o que implica que todos os dados úteis ao objetivo do experimento foram coletados.
Apenas um grupo não preencheu o roteiro por completo, deixando a partir do item (b) da etapa dos cálculos em branco. Os outros quatro grupos responderam que ao colocar o cobre em contato com a água, esse absorve o calor da água por possuir inicialmente uma temperatura menor, sendo que um grupo citou o equilíbrio térmico.
Quando perguntados a quantidade de calor transferida pela água, os quatro grupos responderam de acordo com a expressão QA = mADTA . Os resultados foram: - 7452; - 6580; - 7980; - 11175, todos em cal. Aliás, apenas um grupo não colocou a unidade de medida.
Entretanto, quando questionados sobre a quantidade de calor transferido para o cobre apenas um grupo colocou o mesmo valor do item anterior, mas com o sinal positivo, representando um aumento na quantidade de calor. Dois grupos colocaram o valor do calor específico do cobre e um grupo preencheu com um valor que eu não consegui identificar a origem.
O próximo item era para os alunos escrever a definição do calor específico molar. Três grupos responderam que este era o calor específico de 1 mol. O quarto grupo respondeu: “o calor específico que 1g dada a uma substância”. Não consegui compreender muito bem o que o grupo tentou expressar com esta resposta, evidenciando que talvez devêssemos ter uma conversa com os grupos posteriormente para entender melhor algumas respostas que não compreendemos apenas com as leituras dos roteiros.
O último item do roteiro pedia para que eles calculassem o calor específico do cobre.Três grupos fizeram os cálculos de acordo com os dados coletados de acordo com a expressão:
cc = -(mADTA)/( mcDTc).
Os valores obtidos foram: 0,5003; 0,393; 0,42, todos em cal/g°C, só que apenas um grupo informou a unidade de medida.
Um dos grupos inseriu na resposta a discussão feita quanto à complexidade do aparato experimental e as precauções tomadas num laboratório profissional.
O quarto grupo obteve o valor tabelado para o calor específico do cobre, 0,094 cal/g°C. De acordo com os dados deles, o valor calculado seria de 0,649 cal/g°C. Talvez esta atitude tenha ocorrido por causa da pressão em obter uma nota maior caso chega-se ao valor exato da grandeza.
Considerações Finais
Esta atividade foi de fácil efetuação, apesar dos problemas com a falta de materiais. A maior dificuldade que eu senti foi a conexão da atividade com as aulas teóricas, no que se refere aos cálculos obtidos. Talvez o fato de se dar um aspecto mais quantitativo nesta atividade pode ter proporcionado um prejuízo maior frente às demais experiências que eram mais qualitativas e exigia mais observação e conhecimento de fenômenos.
Uma atividade com abordagem quantitativa é importante para que os alunos tenham um contato maior com algumas características da construção da ciência, mas achei que esta atividade não possível fazer um bom trabalho, possivelmente por conta da enorme discrepância. Isto talvez seja por ser difícil realizar experiências com bastante precisão sobre processos que envolvam transferência de calor e variações de temperatura, pois estas são variáveis que eu julgo bastante instáveis e difíceis de serem controladas.
Mas foi bom para os alunos começarem a perceber que há uma diferença enorme entre teoria e prática e para que esta diferença seja reduzida é necessário a utilização de aparelhagens mais sofisticadas e o emprego de bastante serviço e cuidados.
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