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Obervação importante: Nessa disciplina, o contato com a obra é fundamental. Ela foi pensada desta forma justamente porque o MAC USP tem a possibilidade de oferecer aos seus alunos um aprendizado através da frequentação de seu acervo. Portanto, o aluno que estiver inscrito na disciplina deverá considerar que ao menos 4 aulas ocorrerão fora do campus (conforme programa abaixo) e que sua ausência nessas visitas serão computadas como faltas comuns.
Visitas ao MAC Ibirapuera
As aulas serão na sede do Ibirapuera: Parque do Ibirapuera, Portão 3, Pavilhão da Bienal, 3o. andar (entrada pela rampa lateral)
Encontro às 10h00 no local
Exposição "MAC em Obras": nos dias 06 de setembro* e 04 de outubro
Exposição "Modernismos": nos dias 20 de setembro e 25 de outubro
*Esta será a única aula na qual a presença é facultativa, uma vez que no calendário de graduação esta data consta como recesso de Semana da Pátria.
| | | | 2 agosto - 8 agostoAULA I - 2 de agosto Apresentação do programa de curso e introdução geral à história da arte moderna
1a. parte: Apresentação do programa do curso, método de avaliação e dinâmica das aulas. 2a. parte: Introdução à História da Arte Moderna - principais teorias historiográficas de abordagem da arte moderna; sobre os conceitos de Modernidade, Modernismo e Vanguarda.
Referência bibliográfica para esta aula:
BELTING, Hans. "Contemporary Art and the Museum in the Global Age" In: Weibel, Peter & Buddensieg, Andrea (orgs.). Contemporary Art and the Museum: A Global Perspective. Ostfildern: Hatje Cantz Verlag, 2007, pp. 16-38. HARRISON, Charles. "Modernism" In: Nelson, Robert S. & Shiff, Richard (orgs.). Critical Terms for Art History. Chicago: Chicago University Press, 1996, pp. 142-155. TAYLOR, Charles. "Two Theories of Modernity" In: Gaonkar, Parameschwar (org.). Alternative Modernities. Durham & Londres: Duke University Press, 2001, pp. 172-196. Indicação bibliográfica em português: CLARK, T.J. "Fenomenalidade e Materialidade em Cézanne". Modernismos. São Paulo: Cosac Naify, 2007, pp. 63-88. FER, Briony. "Introdução" In: Harrison, Charles et alli (orgs). Modernidade e Modernismo: A Pintura Francesa do Século XIX. São Paulo: CosacNaify, 1998, pp. 3-49.
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| | | 9 agosto - 15 agostoAULA II - 09 de agosto Arte Moderna no Brasil Retomaremos algumas questões da primeira aula para entrarmos na discussão sobre a instauração da arte moderna no Brasil e suas relações com o ambiente europeu. Focaremos sobretudo nas teorias historiográficas que procuram revisar a história da arte moderna entre nós e a questão (ou não) de um descompasso cronológico entre o Modernismo brasileiro e o europeu. Para ver na Pinacoteca do Estado de São Paulo: - José Ferraz de Almeida Júnior, "Caipira picando fumo", 1893, óleo/tela - Anita Malfatti, "Tropical", 1917, óleo/tela - Lasar Segall, "Bananal", 1927, óleo/tela
Leituras sugeridas HARRISON, Charles. "Profundidade, Planaridade e Autocrítica" In: Harrison, Charles et alli (orgs.). Modernidade e Modernismo: A Pintura Francesa no Século XIX. São Paulo: CosacNaify, 1998, pp. 157-167. FABRIS, Annateresa. "Modernidade e Vanguarda: O Caso Brasileiro" In: Fabris, Annateresa (org.). Modernidade e Modernismo no Brasil. Porto Alegre: Zouk Editora, 2010 (2a. edição), pp. 9-24. _______________. "Figuras do Moderno Possível" In: Schwartz, Jorge (org.). cat. exp. Da Antropofagia a Brasília. São Paulo: Cosac Naify, 2002. CHIARELLI, Tadeu. "Entre Almeida Jr. e Picasso". In: Fabris, Annateresa (org.). Modernidade e Modernismo no Brasil. Porto Alegre: Zouk Editora, 2010 (2a. edição), pp. 51-57.
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| | | 16 agosto - 22 agostoAULA III - 16 de agosto
A institucionalização da arte moderna
História da criação das principais instituições artísticas de fomento à arte moderna, no Brasil e no mundo, bem como o surgimento de exposições periódicas de divulgação da arte moderna e sua importância na circulação, recepção e legitimação da nova produção artística.
Leituras sugeridas
ALTSCHULER, Bruce. Salon to Biennial: Exhibitions That Made History. Volume I: 1863-1959. Londres/Nova York: Phaidon Press, 2008.
CINTRÃO, Rejane. Algumas exposições exemplares: as salas de exposição na São Paulo de 1905 a 1930. [Col. Arte: Ensaio e Documentos]. Porto Alegre: Editora Zouk, 2011.
FABRIS, Annateresa. "Um 'Fogo de palha aceso': considerações sobre o primeiro momento do Museu de Arte Moderna de São Paulo" In: cat. exp. MAM 60. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2008, pp. 14-89.
LOURENÇO, Maria Cecília França. Museus acolhem o Moderno. São Paulo: Edusp, 1999.
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| | | 23 agosto - 29 agostoAULA IV - 23 de agosto
Modernismo e Arte Moderna: "Paisagem" (1907) de Giacomo Balla
Nesta aula, teremos a oportunidade de analisar a obra de Giacomo Balla, que nos proprõe uma noção de arte moderna por via do modo de tratamento da superfície da pintura. Trabalheremos fundamentalmente na contraposição entre este novo modo de tratar a superfície da pintura - com o qual o artista faz uma referência ao Pontilhismo - e a temática da obra, que deriva de aproximações de Balla com o universo do Impressionismo. Além disso, analisaremos o contexto italiano de produção desta obra e as noções de Realismo então ali implicadas, bem como o histórico de suas chegada à coleção do MAC USP.
24/08 - Tratamos da análise da obra a partir da contraposição de dois momentos:
1- Contexto de produção da obra de Balla e suas vinculações com o Pontilhismo e o Divisionismo
2- Contexto de retomada da produção inicial de Balla, anterior à sua adesão ao Futurismo: momento de apresentação de uma série de salas especiais nas edições de 1948, 1950 e 1952 da Bienal de Veneza, em que se revisitaram os principais movimentos artísticos modernistas. Analisamos em especial a sala especial do Divisionismo/Pontilhismo da Bienal de Veneza de 1952, onde foram apresentadas duas obras de Balla, próximas à nossa.
Leituras sugeridas
SIGNAC, Paul. "De Delacroix au Néo-Impressionnisme" (originalmente publicado em 1899)
Catálogo geral da XXVI Biennale di Venezia, em especial o texto introdutório de Rodolfo Pallucchini (sobretudo pp. XVIII-XXIII) e texto de Marco Valsecchi sobre o Divisionismo italiano (pp. 390-394)
ARGAN, Giulio Carlo. Item "A Itália" (Cap. 3). In: Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, pp. 154-165 (sobre a segunda metade do século XIX na Itália)
READ, Herbert. Uma História da Pintura Moderna (caps. I e II). São Paulo: Martins Fontes, 2001, pp. 11-66 - para o que vimos até agora.
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| | | 30 agosto - 5 setembroAULA V - 30 de agosto
Vanguardas Históricas: "Formas Únicas de Continuidade no Espaço" (1912) de Umberto Boccioni e "Torso/Ritmo" (1915-16 ca.) de Anita Malfatti
Discutimos a noção de "vanguarda histórica" e o que ela representa do ponto de vista da afirmação das novas experimentações plásticas do início do século XX. Para tanto trabalhamos com "Torso/Ritmo" de Anita Malfatti, e depois passamos às galerias do MAC para ver a versão em bronze da obra de Boccioni. Nos dois casos, vimos como a noção de Futurismo é abordada pelos dois artistas, bem como suas relações com dois aspectos importantes do contexto dos anos 1910-20:
1- O desenvolvimento do Primitivismo - isto é, a citação/emulação de elementos presentes no que naquele momento convencionou-se chamar de "Arte Negra" e suas vinculações com uma linguagem plástica projetada em direção ao futuro. Tratamos, por exemplo, das soluções de Anita Malfatti em um de seus pastéis do mesmo período da obra do MAC: "O Homem das Sete Cores" (1915-16 ca., MAB-FAAP).
2- O estudo da figura humana por vários artistas dentro de vertentes vanguardistas diversas e sua relação com a retomada dos tratados de representação da figura humana da tradição ocidental. O tema foi introduzido, justamente, pela análise que Carlo Ginzburg faz das "Moças de Avignon" de Pablo Picasso.
Assim, vimos como esses dois elementos se imbricam na evolução da linguagem plástica vanguardista, ao mesmo tempo em que preparam os eventos que se desenvolveriam posteriormente, entre as décadas de 1920 e 1930, que veremos a seguir.
Outro aspecto importante abordado foi o contexto de aquisição/incorporação das obras de Malfatti e de Boccioni ao acervo do MAC USP.
Por ocasião de nossa primeira visita à exposição "Modernismos", teremos a oportunidade de ver outras obras que trabalham sobre as mesmas questões.
Leituras sugeridas
GINZBURG, Carlo. "Além do Exotismo: Picasso e Warburg" In: Relações de Força: História, Retórica, Prova. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, pp. 118-136.
BOCCIONI, Umberto. "Manifesto Técnico da Escultura Futurista" In: Herschel B. Chipp (org.). Teorias da Arte Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1999, pp. 302-308.
ARGAN, Giulio Carlo. "Capítulo Seis: A Época do Funcionalismo" In: Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, pp. 438-445. [Sobre "Nu descendo a escada no. 2", de Marcel Duchamp e "Formas Únicas de Continuidade no Espaço", de Umberto Boccioni] |
| | | 6 setembro - 12 setembroAULA VI - 6 de setembro - AULA ABERTA MAC IBIRAPUERA (EXPOSIÇÃO "MAC EM OBRAS")
Trabalheremos sobre a obra "Aparelho cinecromático" (1958) de Abraham Palatnik. Num primeiro momento, deveremos discutir as noções de curadoria e conservação de acervos museológicos - que são tema da exposição em que a obra se encontra -, para depois tratarmos da obra de Palatnik e a questão do cinetismo na Arte Moderna.
Retomando os pontos tratados em aula:
1- Sobre a noção de curadoria: reforçamos que o trabalho de curadoria de um acervo museológico engloba três elementos fundamentais: pesquisa > conservação/preservação > divulgação/exibição
OBS.: discutimos muito sobre a noção de conservação, que vai para além da preservação física da materialidade do objeto e deve abraçar a prática de documentação. Além disso, preservação tem o sentido primeiro de dar inteligibilidade ao objeto, isto é, abordar suas várias acepções, suas camadas históricas, em última instância, sua interpretação e qual a importância dela dentro de um determinado contexto.
2- Sobre o "Objeto Cinecromático" de Palatnik: além da contribuição do artista para a arte cinética, vimos como no contexto da I Bienal de São Paulo, em 1951, uma primeira versão destes objetos do artista foi recebida: as questões que envolviam sua categorização (já que as sessões da Bienal eram divididas em pintura, escultura e gravura), muito embora tais experimentações de Palatnik viessem de uma reflexão sobre a cor e seu papel na pintura.
Leituras sugeridas
Para uma definição básica de arte cinética, veja-se:
DEMPSEY, Amy. "Arte Cinética" (pp. 197-199) e "Arte Op" (pp.230-232) In: Estilos, Escolas & Movimentos: Guia Enciclopédico da Arte Moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
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| | | 13 setembro - 19 setembroAULA VII - 13 de setembro O ambiente do chamado "Retorno à Ordem": "Autorretrato" (1931) de Alberto da Veiga Guignard e "A Advinha" (1924) de Achille Funi Analisamos, em sala de aula, a obra do brasileiro Guignard. "A advinha" de Achille Funi será abordada no momento de nossa visita à mostra "Modernismos no Brasil", ocasião na qual retomaremos alguns pontos abordados em relação à obra de Guignard. Trabalhamos sobre os elementos, que na composição desse auto-retrato do artista, vinculam-no à sua experiência na Itália, entre 1925 e 1928, quando vive em Florença. Portanto, abordamos a obra em relação à linguagem do chamado Novecento Italiano e à Pintura Metafísica. Vimos, também, como a historiografia brasileira considera sobretudo o Guignard paisagista e suas vinculações com uma poética surrealista.
Leituras sugeridas DEMPSEY, Amy."Pintura Metafísica" (p.109) e "Novecento" (p.146) In: Estilos, Escolas & Movimentos: Guia Enciclopédico da Arte Moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. SILVER, Kenneth. "A More Durable Self" In: Catálogo da Exposição Chaos and Classicism: Art in France, Italy, and Germany, 1918-1936. Nova York: Guggenheim Museum, 2009, sobretudo pp. 40-45. NAVES, Rodrigo. "O Brasil no Ar: Guignard" In: A Forma Difícil. São Paulo: Editora Ática, 1996, pp. 131-143 (para uma interpretação de sua pintura de paisagem, que se contrapõe ao discutido em relação ao auto-retrato).
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| | | 20 setembro - 26 setembroAULA VIII - 20 de setembro
Arte e Política; Arte Concreta
Discutimos sobre o “lugar” da Documenta I, em Kassel (Alemanha, 1955), ligado ao projeto de Arnold Bode, que visava o resgate das vanguardas artísticas da primeira metade do século XX, em contraposição ao período do entre-guerras (ambiente do chamado “Retorno à Ordem” que aponta para o resgate de alguns valores da arte clássica). Nesta aula, também situamos as influências do Plano Marshall em práticas políticas para formação de um imaginário civilizatório de preservação dos patrimônios culturais, sob o ponto de vista democrático e liberal dos EUA nos países europeus devastados pelas duas guerras mundiais e que privilegiou as tendências ao abstracionismo. A valorização da arte concreta e abstrata deste período se dá em contraponto a uma crítica defendida a partir da Exposição de Arte Degenerada na Alemanha, em 1937.
Discutimos ainda como a tradição crítica formalista promoveu uma narrativa que valorizava uma evolução das artes rumo ao abstracionismo, localizando a Bauhaus nesta tradição: do construtivismo, neoplasticismo, abstracionismo e concretismo.
O que é importante reter:
> Arte Concreta ↔ Abstração
> Exposição de Arte Degenerada (1937)
> Documenta I, Kassel (1955)
> Importância do resgate das práticas vanguardistas do início do século XX no pós-II Guerra Mundial
Leituras sugeridas
ANTLIFF, Mark. “Fascism, Modernism and Modernity” In.: The Art Bulletin, vol. 84, no. 1 (Março 2002), pp. 148-169. Diponível para download no site Jstor: http://www.jstor.org/pss/3177257?searchUrl=%2Faction%2FdoBasicSearch%3FQuery%3DMark%2BAntliff%26acc%3Doff%26wc%3Don&Search=yes
ALTSCHULER, Bruce. (Capítulo sobre Exposição de Arte Degenerada) In: ___, Salon to Biennial: Exhibitions That Made History. Volume 1: 1863-1959. Londres/Nova York: Phaidon Press, 2008.
BAAR, Alfred. O que é pintura moderna? Nova York: The Museum of Modern Art, 1953 (em colaboração com o MAM-SP e MAM-RJ)
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| | | 27 setembro - 3 outubroAULA IX - 27 de setembro Abstracionismo e Figurativismo: "Foice, cadeira e cesto sobre a eira" (1952) de Renato Birolli e "Sem Título" (1951) de Cícero Dias Tratamos das obras desses dois artistas, a partir de dois aspectos importantes: a introdução sobre o debate da abstração no Brasil e a presença desses dois artistas no contexto da Bienal de São Paulo. Discutiremos ainda o papel desempenhado pelas instituições artísticas na legitimação da abstração e seu significado na narrativa tradicional de arte moderna. Estudamos duas obras que se colocam de forma problemática em relação a uma narrativa oficial da Arte Moderna, que culmina com os processos de abstração formal. A obra “Sem título” de Cícero Dias, artista conhecido pelas pinturas figurativas/primitivas contextualizadas na prática pela busca de uma estética plástica nacional brasileira, causa um descompasso nesta narrativa por ser uma pintura que remete a uma tradição de uma abstração mais geométrica, dialogando mais com o Abstracionismo Francês. Esta obra, dissonante na produção do artista, participou da exposição individual sobre o artista em 1952 no MAM-RJ. Da mesma série, Cícero Dias expõe uma obra na mostra “Do Figurativismo ao Abstracionismo”, no MAMSP, em 1949. A obra “Foice, cadeira e cesto sobre eira”, do artista italiano Renato Birolli, também se apresenta dissonante na narrativa oficial da arte moderna italiana, tal como formulada por Giulio Carlo Argan, que se concentra na arte abstrata mais concretista. O artista, nesta obra, evidencia suas preocupações pelos “elementos plásticos essenciais”, como a luz e a cor, retomando o aspecto primitivo e artesanal do fazer da pintura. Nesta aula, ainda discutimos sobre os conceitos de “Abstracionismo” e “Arte Concreta” e sua recepção e interpretação críticas no Brasil por Sergio Milliet e Mário Pedrosa. O que é importante reter: > Abstracionismo geométrico vs. Arte Informal > Tendências do Abstracionismo na segunda metade da década de 1940 (sobretudo na França e na Itália) que retomam as raízes do Impressionismo e do Expressionismo e o trabalho sobre a superfície de cor . Leituras sugeridas Catálogo da exposição “Do Figurativismo ao Abstracionismo” no MAM-SP, 1949. Catálogo da exposição "Cícero Dias" no MAM-RJ, 1952. MAGALHÃES, Ana Gonçalves. "Falce, sedia e canestro sull'aia" In.: Catálogo da exposição “Renato Birolli, Necropoli, Paesaggio Adriatico” (texto em italiano) Crítica de Sérgio Milliet "Cícero Dias, no Rio". Jornal Artes Plásticas da Associação dos Artístas Plásticos.
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| | | 4 outubro - 10 outubroAULA X - 04 de outubro - Aula Aberta MAC Ibirapuera (Exposição "MAC em Obras") Alex Vallauri e a Bienal de São Paulo Trabalhamos com a instalação “Festa na Casa da Rainha do Frango Assado” (1985) de Alex Vallauri, como testemunho da relação entre o acervo do MAC-USP e a história da Bienal Internacional de São Paulo. A discussão girou em torno da instalação como prática contemporânea, sua confrontação com as práticas modernistas e ainda os desafios para sua documentação e incorporação no acervo do museu. A aula pôde ser apreendida pelos seguintes momentos: 1) Histórico das exposições da Bienal Internacional de São Paulo, fundada em 1951, dentro do processo de institucionalização da Arte Moderna. Desde o início, o perfil didático da Bienal de SP inferiu na promoção de artistas contemporâneos, na formação de um público e aproximando relações de interesses internacionais, tanto de mercado quanto de produção cultural. 2) Formação do acervo do antigo MAM-SP, que se atualizava via exposições da Bienal de SP, cuja premiação seguia o modelo da Bienal de Veneza, promovendo a Arte Moderna no Brasil e tencionando seus aspectos figurativos e abstratos. Dissolução do antigo MAM-SP e formação do acervo do MAC-USP. 3) A XVIII Bienal Internacional de São Paulo (1985), sob a curadoria de Sheila Leirner, trabalhou com um novo conceito de curadoria: recortes temáticos, fim das grandes narrativas, rede universalizante de trocas artísticas e influência do expressionismo como base da estética e da linguagem moderna. 4) A obra “Festa na casa da rainha do frango assado”, exposta nesta Bienal de 1985 e as experiências de Vallauri com a arte pop e a arte de rua (grafite). O artista trabalha com figuras do imaginário social, do cotidiano e da mídia, guiado pelos conceitos de “desejo” e “consumo”, tecendo uma crítica à “coisificação” do mundo e de suas relações interpessoais. Cada peça da instalação foi vendida isoladamente após a exposição e três foram doadas ao MAC em dois processos distintos: uma (pia) pela própria Bienal em 1985 e as outras duas (geladeira e fogão) posteriormente por um colecionador privado. Apontamos ainda os problemas de documentação, preservação e reconstituição da instalação, ao considerarmos seu contexto histórico e sua adaptação ao espaço expositivo. Leituras sugeridas SPINELLI, João J. “Introdução” (p.08-22), “Alex Vallauri e Maurício Villaça” (p.117-128) e “Alex Vallauri: XVIII Bienal Internacional de São Paulo” (p.130-154). In: Alex Vallauri. Graffiti. Fundamentos Estéticos do pioneiro do grafite no Brasil. São Paulo: Bei, 2010. LEIRNER, Sheila. “Introdução” In: Catálogo Geral da XVIII Bienal Internacional de São Paulo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1985, p.13-16. (Versão em inglês: p.17-19) VILLAÇA, Maurício. “Alex Vallauri” In: Catálogo Geral da XVIII Bienal Internacional de São Paulo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1985, p. 218. |
| | | 11 outubro - 17 outubroAULA XI - 11 de outubro Institucionalização da Arte Moderna; Noções de centro e periferia e avaliação crítica do conceito de influência artística. Tomamos o texto “Além do exotismo: Picasso e Warburg”, do
historiador Carlo Ginzburg, para problematizarmos questões relativas à
historiografia oficial da Arte Moderna, tais como: a) Noções de
“classicismo” e “primitivismo” - e como, nas teses de Ginzburg, uma deriva da outra; b) Warburg e a
construção de uma narrativa universal da arte, comparada à análise de “As moças de Avignon”,
de Pablo Picasso, para discussão sobre "centro" e "periferia"; O que é importante evidenciar nesses casos, seja
na postura crítica de Warburg, seja na atividade artística de Picasso, é o
olhar para a cultura estrangeira e apropriar-se dela para construção do seu
trabalho dentro de um contexto determinado europeu no início do século XX. Este
processo, explica Ginzburg, é uma forma de “exotismo” e que é, indiretamente,
uma forma de preconceito, tanto na eleição de obras tomadas como modelos de ruptura, em detrimento de outras, quanto na maneira de olhar o "outro" como um estranho e
adequá-lo aos seus interesses, críticos ou artísticos. Nesse sentido, podemos
compreender a noção de “centro” - se tomarmos o cânone eleito pela narrativa oficial da história da arte moderna, compreendida como universal - e de “periferia” - a produção artística que fica à margem desta narrativa oficial de
rupturas e evoluções e que se explica por uma narrativa local, com suas especificidades e influências divergentes. Um exemplo é como a historiografia tradicional aborda a arte não-ocidental. Embora tenha influenciado esteticamente o
modernismo europeu, temática e esteticamente, esta produção "externa" é descontextualizada de seu ambiente originário e adequada às premissas artístico-eurocêntricas.
Assim sendo, a noção de “primitivismo”, dentro da narrativa oficial, compreendida como formas que rompem com os valores clássicos, apropriando-se do que é estranho, externo e exótico, contudo, como aponta Ginzburg, paradoxalmente, mantém uma relação com
o classicismo em seus pressupostos artísticos: tanto ao debater questões estéticas (de
criação e de composição), quanto ao revisitar e atualizar problemas sobre o olhar estrangeiro. Leituras sugeridas GINZBURG, Carlo. "Além do exotismo: Picasso e Warburg". In ___. Relações de Força: História, Retórica, Prova. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. ARGAN, Giulio Carlo. Item "Pablo Picasso. Os Saltimbancos. Les demoiselles d'Avignon" (Cap. 6) In ___. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, pp. 422-426. |
| | | 18 outubro - 24 outubroAULA XII - 18 de outubro Kurt Schwitters no acervo do MAC A obra de Schwitters foi analisada à luz do contexto de sua exposição e aquisição (ainda para o acervo do antigo MAMSP) e tomando como ponto de partida a idéia de que, assim como as proposições de Duchamp, ela trabalha dentro de uma nova prática, isto é, a da colagem. Tratamos ainda de suas vinculações ao Dadá e à Arte Concreta.
Leituras sugeridas PEDROSA, Mário. "Colagens cubistas, colagens dadaístas" In: ___ Modernidade Cá e Lá (Otília Arantes, org.), Vol. 4. São Paulo: Edusp, 1995, pp. 243-246.
PEDROSA, Mário. Introdução In: Catálogo da VI Bienal Internancional de São Paulo (1961).
SCHMALENBACH, Werner. Kurt Schwitters. In:Catálogo da Representação Nacional da República Federal da Alemanha, 1961. (pdf em anexo)
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| | | 25 outubro - 31 outubroAULA XIII - 25 de outubro - Visita à exposição "Modernismos no Brasil" (MAC-USP Ibirapuera) Em nossa visita à exposição "Modernismos no Brasil", analisamos as seguintes obras: - Karl Schmidt-Rottluff, "Autorretrato", 1916-19, xilogravura, no qual focamos a questão do Primitivismo e comparamos a - Tarsila do Amaral, "A Negra", 1923, óleo/tela - também aqui discutimos a primeira exposição desta obra, em Paris (1926) e em que medida ela respondia, de um lado, às questões colocadas em pauta no contexto francês, e de outro, procurava criar uma linguagem plástica "autenticamente brasileira" - Giorgio de Chirico, "O Enigma de um Dia", 1914, óleo/tela e sua relação com a noção de "Pintura Metafísica", que se desdobra em dois momentos: 1- crítica de Guillaume Apollinaire (crítico francês ligado ao ciclo de cubistas na década de 1910, que vai teorizar sobre a necessidade do "retorno à ordem", a partir dessas proposições de De Chirico) e sua série de "Praças da Itália" como precursora da pintura surrealista (André Breton); 2- a chamada Scuola Metafisica, fundada por Carlo Carrà e Alberto Savinio (irmão de De Chirico), e a retomada do estudo da pintura renascentista italiana, sobretudo o círculo de Ferrara. Daí que tratamos dessa obra de De Chirico em relação a - Achille Funi, "A Advinha", 1924, óleo/madeira, e a formulação de sua pintura de raiz clássica, também debruçando-se sobre os pintores ferrareses renascentistas, que dá naquilo que Margherita Sarfatti chama de "Realismo Mágico"; e - Mario Sironi, "Os Pescadores", 1924, óleo/tela, e o movimento Novecento Italiano, fundado por Sarfatti, no qual o resgate da tradição clássica (renascentista) e mediterrânea (italiana) está colocado em pauta. OBS> em relação a esses três artistas, discutimos ainda como um vocabulário plástico metafísico (de raiz de chirichiana) circula no meio artístico italiano; também tratamos em que medida (e apesar do discurso retórico em torno dela) essa pintura é italiana. - Wassily Kandinsky, "Composição Clara", 1942, óleo/tela: terminamos com essa obra abstrata de Kandinsky e tratamos das possíveis referências para o artista, dado o contexto do desenvolvimento da abstração na França (grupo Abstraction-Création vs. debate sobre uma abstração que tem por base o estudo da cor - Sonia Delaunay, as experiências de Alexander Calder no ambiente francês, e a a própria experiência de Wassily Kandinsky como professor da Bauhaus)
Conclusão: No início da aula, ao abordarmos as obras de Schmidt-Rottluf e Tarsila e em que medida elas tratam da questão do Primitivismo, falamos das referências que estão dadas para todos os artistas analisados e como elas são empregadas. Em última instância, falamos sempre desse vocabulário plástico "híbrido" - que faz referência a várias experiências plásticas modernistas. Concluímos que este procedimento está na base da prática modernista e que esta é a mesma, seja no centro ou nas chamadas periferias.
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| | | 1 novembro - 7 novembroAULA XIV - 1o. de novembro
Revisão geral para prova semestral |
| | | 8 novembro - 14 novembroAULA XV - 8 de novembro
PROVA SEMESTRAL |
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