Resgatar — para estudo, performance e divulgação — a obra de Vianna através de suas canções e de sua obra para piano solo, além das orquestrações realizadas por terceiros. Trazer à tona os elementos constituintes de sua linguagem composicional e seu idiomático. Estudo comparativo com outras linguagens praticadas em sua época por seus coetâneos e contemporâneos. Público alvo: pós-graduandos e alunos especiais que sejam pianistas e cantores, e pesquisadores da música brasileira.
Esta matéria é resultado da compilação crítica e posterior revisão musicológica do “Acervo Fructuoso Vianna”, doado à ECA pela filha do compositor em 1998, tendo como represente legal do donatário o Docente Responsável por este curso. Entre os compositores brasileiros, Vianna talvez seja ainda o menos estudado e divulgado. Entre as razões desse relativo ostracismo — que também serão discutidas ao longo do curso — estariam sua “mineiridade”, seu “ascetismo” pianístico (com raras incursões na canção de câmara e outras formações) e seu temperamento introvertido e avesso às grandes aventuras sinfônicas. Segundo Edino Krieger, suas composições “são marcos isolados que entretanto completam a grande cadeia, feita por vezes de pequenos monumentos esparsos como são também uma Sertaneja de Brasílio Itiberê, um Batuque de Nepomuceno, Samba de Levy — filões formadores do grande caudal que seria Villa-Lobos”. Historicamente, Vianna pode ser considerado um compositor do período de formação da República Brasileira. Convivendo com os principais personagens culturais do século XX, como Camargo Guarnieri, Carlos Drummond de Andrade, Guilherme de Almeida, Gustavo Capanema, Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Villa-Lobos, sua obra contribuiu decisivamente para a compreensão da evolução da arte musical no Brasil. Refletiu criticamente sobre a formação do nacionalismo musical brasileiro, sendo um de seus principais atores, ao lado de Luciano Gallet, Lorenzo Fernandez, Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, Souza-Lima e Francisco Mignone. Em linhas gerais, sua obra consiste em miniaturas para piano solo ou canção para canto e piano e outras poucas incursões em diferentes formações. Não lhe atraíam os grandes projetos sinfônicos, preferindo dizer “o máximo com o mínimo”. “O maior compositor mineiro depois da grande floração do barroco”, segundo a crítica especializada, mereceu dois artigos apologéticos de Mário de Andrade e um inspirado obtuário de Edino Krieger, em 1976, no Jornal do Brasil, onde considera sua obra “uma trilha quase escondida na floresta tropical da música brasileira, iluminada não pelo sol ardente das grandes sonoridades sinfônicas, mas pelo brilho cintilante de estrelas, pirilampos e raios de luar, nascidos da chama sensível de um temperamento retraído, que como ele próprio, não parecia ter necessidade de crescer para ser grande”.
I. INTRODUÇÃO: APRECIAÇÃO CRÍTICA DA LITERATURA SOBRE O OBJETO II. VIANNA, A REPÚBLICA BRASILEIRA E SUA ÉPOCA III. INFÂNCIA (1896-1904) IV. 1912-1917: ENTRADA PARA O INSTITUTO NACIONAL DE MÚSICA DO IV. RIO DE JANEIRO E HENRIQUE OSWALD VIAGEM DO REI DA BÉLGICA V. 1919-1922: EM TORNO DA SEMANA DE ARTE MODERNA VI. 1923-1925: VIAGEM DE ESTUDOS PARA A EUROPA, SANTOS DUMONT, CONCERTO A BORDO... VII. 1926: MÁRIO DE ANDRADE VIII. 1927-1976: SÃO PAULO — CORAL PAULISTANO, CONSERVATÓRIO DRAMÁTICO E MUSICAL; BAHIA, RIO GRANDE DO SUL E RIO DE JANEIRO IX. AS COMPOSIÇÕES: CANÇÃO DE CÂMARA (a escrita vocal; a escrita pianística; a relação voz-piano; a relação texto-música; as formas musicais); PIANO SOLO (a escrita pianística; os formantes acústicos; o orquestrador do piano); OUTRAS FORMAÇÕES X. AS TRANSCRIÇÕES (Braunwieser, Guarnieiri, Gonfin, Homem de Mello e Mignone) XI. CONCLUSÃO: CLÁSSICOS OU CÚMPLICES?
Importante de citar, esta relação é longa apesar de não haver uma bibliografia significativa sobre Vianna. A principal parte das fontes bibliográficas específicas utilizadas são as que fazem parte do Acervo Fructuoso Vianna da Biblioteca da ECA. Daí a razão da quantidade: uma frase aqui, outra ali acabaram construindo o quadro geral do acervo, o mais fiel possível ao compositor. Este acervo, cuidadosamente colecionado, ao longo de décadas, por D. Juju (esposa) e depois por Anna Maria e Guigui (filhas), muitas vezes carece de referências. No entanto, todo documento lá está devidamente tombado e à disposição do público. Há também vários autores que dedicaram páginas sobre suas obras em jornais e revistas, que em muitos casos foram transcritos posteriormente para livros. Além de diversas referências em livros de história da música, Vianna tem seu verbete no The New Grove Dictionary Of Music And Musicians, escrito pelo musicólogo Gerard Béhage.
As aulas expositivas precisam de computador com equipamento de Datashow e CD-Player na sala-de-aula.